quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mar

Vou sair de São Paulo pra ver o mar e ficar em companhia dele, só dele. O mar e a sua constância, sua mono-tonia, contrastam com a polifonia característica da cidade. Acordar com o mar e uns apitos dos ambulantes na praia compõe uma orquestra bastante diferente daquela que leva buzinas, motores e uns ruídos agudos inomináveis vindos de todos os lados.
Na praia todo ruído leva nome, cada sensação é cheia de sentido, cada decisão envolve sempre melhores ganhos do que perdas. Andar ao lado do mar é um caminho certo, faz um rumo. Sentar de frente pro mar nos deixa cara a cara com algo grande, um espelho, um devaneio, um nostálgico amor. Por todos os ângulos o mar se faz bom amigo, fiel protetor, minucioso informante das condições climáticas, das vibrações de energia que nos circundam.
Vou-me embora pra onde tem mar, curtir a minha solidão, a minha tristeza, meus momentos de confusão e de paz, e a minha capacidade de dialogar quase que unicamente com meu mundo interno. Vou por a prova meu mundo fantasístico que, se não funcionar bem, vai me deixar exposta ao deus dará da solidão amedrontada.
Melhor que retiro espiritual é retirar-se de tudo o que causa ruído à pureza das fantasias e ao gosto do desafio particular. Retiro para o mar.

À minha avó, eterno mar

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