terça-feira, 29 de março de 2011

frágil flor

ao ver a flor amarela desprender-se do ramo, parou, atônita.
(ao testemunhar instante tão raro, ela Imperava)

olhou sem cessar a flor caída no chão, sentindo uma espécie de torpor
como se ela mostrasse alí sua imponência diante do tempo.

eis que alguém comenta em tom banal:
"essas flores nascem e morrem no mesmo dia"

e apequenada diante daquela obviedade (seu Império ruíra),
entristece, e os olhos são agora apáticos.

mostravam-se alí as garras do tempo
flores de vida tão curta que nascem de uma árvore idosa.
como um adulto que demostra uma força quebradiça

(ela notara, dias antes, que na mulher-amada-adulta havia a fragilidade da flor que nasce)

por trás do tempo impiedoso que apodrecia flores no chão
havia a permanência do banal e do óbvio.

e a ilusão de que haveria um dia de testemunhar um instante único
morreu, naquele dia.

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