domingo, 6 de novembro de 2011

Teatro

e como em um teatro, ela abre sua alma e expõe seus segredos, grita ao mundo um grito agudo, e como em um teatro: ela se escancara no escuro de contexto nenhum.

como em um teatro, ela se veste em uma saia branca e sutiã, corpo a mostra. E xinga as injustiças do mundo: no palco, está acima da ignorância alheia.

como em um teatro, ela chega a um palco, vestida de noiva: quer expor sua sorte de ser amada. No palco, está acima do infortúnio alheio - a desgraça do desamor.

no palco do casamento é olhada com as expectativas impossíveis de todos os que já descobriram que, nos detalhes do amor, moram pequenas decepções.

no palco, vestida de branco: é olhada pela própria projeção de si mesma - noiva.

no palco, sem roupa nenhuma: é olhada pela própria projeção de si mesma - nua.
(corriqueiro é o pesadelo de estar-se num palco, nu)

e de noiva a nua, são poucos passos.

o Teatro, que sirva à doçura da ilusão e do sonho, que sirva aos olhos de quem busca as molduras do impossível.

luzes, maquiagem.

vestido de noiva.

são as mais belas molduras do impossível.

e a Nudez, que se escancare onde encontra lar permanente - no espaço íntimo do amor.

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