quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A casa e o mundo

Pássaros.
O amanhecer é úmido e lento, tem melodia crescente.
Amam-se sonolentos.
O roncar do estômago é a única força a fazer levantar.

Crianças.
A manhã é feita de movimentos diversos, sua melodia é frenética.
Sol escaldante, mergulhos no azul.
“Você viu o meu anel de princesa?”

Cartas.
São muitas as possibilidades de se estar a sós, mas o jogo é sempre em dois.
Livros e filmes também os unem em um necessário afastamento.
O amor é uma loucura.

Sal.
Tempera-se o almoço a olho. Qual olho sabe mais?
Borbulha o óleo na panela, a refeição a dois é sagrada.
Algum entorpecente a mais e pode-se fazer música de sobremesa.

Chuva.
No ritmo inconstante de uma tempestade, há um só odor.
Não dizem que a água é inodora?
Pois água na grama tem um cheiro singular.


Grilos.
A sinfonia noturna que prenuncia o descanso daquilo que se movia a luz.
Mas a noite é cheia de vida, uma vida incansável.
A música ligada no rádio sai pelas portas e janelas da casa, que canta.

Tudo.
Deitados sob um céu fresco de estrelas, escutam a natureza.
A casa canta.
E se há fusão à noite tão viva do lado de fora, a casa inveja; e com seu canto nupcial, chama-os para o sonho.

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