sábado, 10 de setembro de 2011

Budapeste

Chico Buarque disse em seu livro que Budapeste era amarela. E então cheguei aqui esperando algo assim, uma grande gema de ovo, ruas de aparência iluminada, como se eu chegasse em uma cidade que representasse toda uma dinastia de ouro. Grandiosa, espetacular! Budapeste pode ser tudo, mas só é amarela quando está coberta de sol.
Quando se chega depois das 22 hs, não há outra cor senão um assustador e penetrante preto.
Budapeste: cidade negra.
E o negro vem do céu, da noite, dos predios antigos sem restauração, talvez paredes chamuscadas pelas bombas caídas na guerra, pelos tanques nazistas, depois soviéticos, e depois pelas próprias rajadas húngaras clamando liberdade.
A grandiosidade daqui deixa-nos do tamanho de formigas, e também sua história milenar, e também a dificuldade de sua lingua. Ridicularizados pelo húngaro, nós jovens vindos la da America, falando em inglês - há lingua mais demoniaca? - acabamos exilados no analfabetismo. Analfabetos em um pais estão fadados a viver em silêncio e a buscar compreensão em toda e qualquer outra linguagem - musical, gestual, visual!
Budapeste é farta de linguagem visual, e caminhando ao fim de tarde por ruas ecleticamete habitadas por gentes de todos os tipos - hungaros e nao-hungaros - descortina-se das pequenas ruas, quase por acaso, um rio!
Eis a cidade da qual Chico falou: Budapeste `as margens do Danubio, cheia de pontes e torres, no por do sol. Amarela.

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