sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Ipê Roxo
e daí vejo um ipê roxo todo florido na beira da rua cheia de trânsito. vem um sonho, um sonho lindo, em que eu estava na europa com o meu namorado, andando pela cidade linda e antiga e desfrutando cada incompreensão, cada estranhamento. e daí me lembro das macieiras de folhas amarelas de praga, e o que era um sonho vai ficando perto, e eu escuto o estrondo dos bondes as 4 da manhã de baixo da janela do meu quarto. daí eu vejo um ciclista contornando os carros raivosos, vem no sonho um certo jardim bem verde que não começa e nem acaba, árvores grandes e poucas bicicletas. e daí nada mais vem à cabeça que não seja estar livre destas ruas tão conhecidas que vão da minha casa ao meu trabalho, do meu trabalho à faculdade, da faculdade de volta à casa e assim... .daí o meu desejo de estar aberta a uma cidade que me trague, que me sugue, que alcance meu interiror mais ávido por fluidez. fluidez dos movimentos, dos transeuntes, das palavras irreconhecíveis que ameaçam a segurança de se saber uma língua natal. como num sonho com um ipê roxo num inverno berlinense povoado de árvores desnudas, o ipê roxo nesse setembro paulistano remete ao sonho com a vida em outros ares.
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