Ja ha uma semana inteira viajando... Das largas e informativas ruas de Berlin, com suas ciclovias, arvores perfeitas e loiros altos, seu pragmatismo eficiente de tudo e em tudo ao nosso redor, chegamos a capital checa. Monumentos tao mais suaves e ornamentais que os gigantes berlinenses, os cartoes postais de Praga tem sempre altas torres, contornos goticos e ruas de bonecas. Mas as bonecas de Praga sao feitas aos montes, em escala larga e padronozada, posicionada estrategicamente nas souveniers shops para serem tragadas por turistas avidos por consumo. Um mar de dinheiro para o emergente capitalista cesky.
E nos atropelam, os turistas em bandos, a cada farol, a cada ponte, a cada passo sobre os anitiquissimos paralelepipedos de uma cidade de uns bons vinte seculos de vida...
Agora, no trem rumo a Polonia, mais uma rainha leste-europeia, mais um territorio a ser descoberto dentre essas todas filhas bastardas da falida URSS.
Roteiro bom para um filme de Kielowsky (ou pro filho dele, mais moderno por certo), a Cracovia promete - pelo menos em minha esperan'cosa fantasia de mochileira viajante - lindas ruas vermelhas, cheias de historia, identidade e personalidade! Paradeiro incerto a turistas avidos por consumir, nao souveniers - mas toda uma energia de um povo, de um tempo novo, de um tempo antigo que ainda vive. Avidos por algo mais...
Meus sonhos de Sao Paulo com a desejada aventura europeia vem cada vez mais tornando-se concretos. Da poerira invisivel dos meus sonhos, Berlin, Praga e agora Cracovia vao ganhando asfalto, tijolos, idiomas, sabores, odores, texturas...
A poeira invisivel dos meus sonhos ganhou materia, e agora e' a Europa que ganha minha propria poeira invisivel.
A noite, ao deitar-me em distintas camas de quartos ainda estranhos, meus sonhos invadem a cena daqui.Noutra cena, sou eu rodeada de quem eu conheco e por quem eu anseio, sou eu rodeada por outros asfaltos e outros tijolos - os do Masp, da Dr. Arnaldo, de alguma sala de aula da PUC (temida sala de defesa de mestrado), a mesma e sempre sala de almocar da casa da minha avo'.
Na cena onirica, sou eu infiel ao solo que piso, ao tempo que crio a mim e ao Joao nesse encontro com o resto do mundo - as vezes tao repleto de desencontros entre nos dois.
Na cena onirica, viajo kilometros na velocidade de um raio inconsciente, e revivo o que eu vivo sempre.
Ha escapatoria a tediosa e repetitiva rotina de minha vida?
Ha como forjar uma amnesia do Brasil ao qual pertenco e mergulhar completamente nas profundezas deste lindo Estrangeiro?
O Joao ao meu lado na cama desperta cada dia mais europeu, cada dia mais desprendido de sua materia-mae. Nao e' mais meu vinculo a terra natal, mas sim a aventura presente!
Meu vinculo ao roteiro de viagem que meticulosamente tracamos e que agora, mais do que nunca, prova-se completamente intracavel.
A cada novo dia, emerge o incerto, e o sol tem brilhado a nosso favor. E falo por duas pessoas em uma so'.
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