quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

casamento bucólico

Joana Carmela adorava flores, e quando pequena andava por campos verdes. Pequenas flores, destas que se desintegram numa soprada, avançavam por todo o verde, colorindo de branco este belo retrato verde.

Joana Carmela catava as flores e ia acumulando na maos, uma por uma, até tomar o ímpeto de sopra-las todas, e alastrar uma chuva de pétalas ao seu redor.

Certa vez ensinaram a Joana Carmela o jogo do bem-me-quer, e quando entao descobriu poder comunicar-se com as flores: passou a sonhar.

O primeiro sonho infiltrara-se diretamente em seu útero, dando um calor curioso. E ao conhecer o primeiro menino por quem atraíra-se, deu uma forma ao caos de seu útero. Inventou a paixão.

Durante anos, Joana Carmela experimentou a fome pela paixão verdadeira, e buscava nos homens a solução perfeita a todas as suas imperfeições.

Pequena frustrada, a paixão pregou-lhe tantas peças que descobrira, enfim, o que lhe sucedia: andava apaixonando-se tanto pelas próprias imperfeições, que avidamente fazia a busca do perfeito oposto delas.

Sempre um espelho.

Joana Carmela ainda quer casar-se num campo verde, com o homem de seus sonhos.
Existirá?

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