libertinagem
é acordar as dez da manhã de um domingo e poder permanecer na cama durante o resto do dia.
confessar pequenos delitos quando houver necessidade, sem medo.
é jantar acompanhado.
libertar-se
é ceder ao orgulho próprio e
deixar estar
oferecer ao outro, sem resistência
aquilo que houver de si
e ainda sentir que fica com muito mais.
resmungar a rotina massante do dia e ser ouvida
ouvida na sua fala mais comum
mais anônima (numa caminhada a dois até a padaria da esquina)
mais passível de ser esquecida no meio das tantas outras frases que se perdem num dia.
desacorrentada
posso sonhar alto o absurdo
assistir outra vez um filme que amei
com ele.
com ele.
meu homem.
sua imagem monta-se a mim agora (que estou sozinha, alucinando-o)
e desmancha-se num pequeno fio de saudade
e na serenidade deixada pela certeza do "daqui a pouco"
meu homem.
faz o "daqui a pouco" ser sempre feliz de se esperar por
faz o futuro distante encostar-se em mim
na ponta do meu nariz.
e uma vida toda é possível.
um filme da minha vida esparrama-se diante de mim
e ele é sua coluna dorsal.
sem ele: há um rascunho de filme, borrado, cheio de lacunas.
ele o faz linear
contornado e levemente preenchido.
meu homem e eu
projetamos nesse momento
deliciosamente
um filme de nossas vidas.
meu coração aquece com suas palavras. quero tudo isso com você. e mais um pouco. te amo.
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