quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

a espera de uma fotografia

acordei no meio da noite
sufocado

saí do quarto, entregue aos caminhos que percorro automaticamente em minha casa;
passei pelo banheiro,

desejei uma banheira de sonhos
e bolhas de papel,
(bodas de papel?)

desejei uma fantasia louca
uma mulher rouca
tentando gemer pra mim,

desejei uma festa colorida
entorpecentes de graça
sem fila pra ir ao banheiro,
(filha pra ir ao banheiro?)

desejei ter dela um bebê
fazer-lhe bem
dormir sobre sua barriga

desejei um grande cotonete
que me penetrasse, esvaziando-me de mim
invadido e esvaziado, como uma mulher sofrida
(ardida?)

desejei uma gravata
pra que ela me botasse em frente ao espelho
e me engomasse, como a um menino paparicado.

encontrei-me nu, no sofá
em frente a um porta-retratos
ainda sem fotografia.

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