o desassossego
fica justo entre o futuro sonhado
e o passado que não terminou
domingo, 21 de dezembro de 2014
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
plantar
O amor só será divino quando houver uma inauguração
Se vivemos no amor reedições de antigos vínculos
É no vínculo que parece antigo que, finalmente, encontra-se o novo!
amor, se te conheço desde sempre
é com você que serei e poderei ser outra que jamais fui
Eu em germinação...
Se vivemos no amor reedições de antigos vínculos
É no vínculo que parece antigo que, finalmente, encontra-se o novo!
amor, se te conheço desde sempre
é com você que serei e poderei ser outra que jamais fui
Eu em germinação...
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
setembro
meu blog.
ando esquecida de ti,
sei lá porquê.
entrei em processo de condensação
endureci-me em adaptação
eternamente encaixando-me
e desencaixando-me
dos moldes que me fizestes
e nos quais me guardas
guarda-me!
assim quero manter-me
rodeada de ti
da cintilancia das visões do futuro
na doçura de estar em paz
e em direção.
ando esquecida de ti,
sei lá porquê.
entrei em processo de condensação
endureci-me em adaptação
eternamente encaixando-me
e desencaixando-me
dos moldes que me fizestes
e nos quais me guardas
guarda-me!
assim quero manter-me
rodeada de ti
da cintilancia das visões do futuro
na doçura de estar em paz
e em direção.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
sobre a paciência
Como deixar de esperar o que não se tem?
um dia após o outro contado no calendário
sutil tentativa de controlar o que não se sabe
manhãs regadas de sol e desejo
tem suas noites tristes e infecundas
a promessa feita entre o eu e o si mesmo
realiza não mais que a fria constatação do real
o que eu queria,
é que a espera tomasse a doce forma de um horizonte longínquo
para que a sequencia dos dias volte a ganhar seu encanto.
um dia após o outro contado no calendário
sutil tentativa de controlar o que não se sabe
manhãs regadas de sol e desejo
tem suas noites tristes e infecundas
a promessa feita entre o eu e o si mesmo
realiza não mais que a fria constatação do real
o que eu queria,
é que a espera tomasse a doce forma de um horizonte longínquo
para que a sequencia dos dias volte a ganhar seu encanto.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
A Copa do mundo é nossa
Vaiemos nossos políticos
Nossa democracia falha
Nossa tolerância `a corrupçao e falta de ética
Os monopólios, os interesses privados
A hipocrisia que nos rodeia.
Mas não vaiemos o futebol
Esse sim, fruto de uma criação do povo
O Esporte não é divertimento emburrecedor
É pensado, estudado, trabalhado
E flui entre nós união e patriotismo
segunda-feira, 28 de abril de 2014
um momento
Estou, como de costume, às 14:45 a sua espera no portão do instituto.
Ele chega falante, sorrindo, reclamão da dor de cabeça.
Repete sem parar, nervoso, a percepção intensa, sofrida e arrebatadora da própria dor de cabeça.
A intensificação das queixas nos obriga a função nem sempre tão inspiradora de boas políticas: tomar um remédio.
Após o analgésico, pílula quase-mágica, tentamos entrar em seu grupo de terapia.
Uma, duas, três vezes, chamados dalí e daqui, seduções de todos os tipos, tentativas determinadas de incluí-lo no grupo aonde não tem desejo de se incluir.
Daí, conseguimos, ele fisgado pela tela do computador, fotografias da Coréia, seu país de origem, no google imagens.
Lembrou-se de quando era criança.
Buscou o google pelo ano em que ainda vivia na Coréia, 1985.
Falou alto e sem descanso das fotos que encontrou, e assim conduzia-se de uma pessoa a outra no pátio do instituto.
Quer saber quem é, o que é aos olhos dos outros.
Há Eu ou desejo nessa sua experiencia de ser?
Fala e anda em círculos, em uma repetição massante e insuficiente a sua busca por respostas.
De repente, algo o silenciou.
O rapaz sentado ao canto, acompanhado de uma moça.
Autista, o olhar vidrado nos próprios punhos.
Ele olhou curioso, e atônito, durante minutos a fio, frente a frente ao rapaz.
Algo de tão estranho e tão familiar naquela figura bizarra.
Um espelho distorcido havia naquela sua visão, espelho dele mesmo.
A maravilha e interesse tomaram conta de seu olhar.
Pouco depois, quando da minha intervenção e a da at do rapaz na conversa, quebrou-se o encantamento.
Saiu andando, procurou-me para perguntar porque o queriam ver nervoso?
Algum estado de horror foi tomando-lhe as feições e o olhar.
O que havia visto naquele rapaz tão grave, tão mais grave e regredido que ele, que o assustara?
Tentei nomear o que ele sentia, aquele rapaz no fundo só o quereria tranqüilo.
Senti-me insuficiente diante daquilo que lhe acontecia, jamais poderia traduzi-lo, e nem ele o podia para mim.
Algo aconteceu, algo que o fez se deter.
O início de uma reposta às suas perguntas tão cruas e lancinantes.
É necessário algum silêncio neste belo momento.
Ele chega falante, sorrindo, reclamão da dor de cabeça.
Repete sem parar, nervoso, a percepção intensa, sofrida e arrebatadora da própria dor de cabeça.
A intensificação das queixas nos obriga a função nem sempre tão inspiradora de boas políticas: tomar um remédio.
Após o analgésico, pílula quase-mágica, tentamos entrar em seu grupo de terapia.
Uma, duas, três vezes, chamados dalí e daqui, seduções de todos os tipos, tentativas determinadas de incluí-lo no grupo aonde não tem desejo de se incluir.
Daí, conseguimos, ele fisgado pela tela do computador, fotografias da Coréia, seu país de origem, no google imagens.
Lembrou-se de quando era criança.
Buscou o google pelo ano em que ainda vivia na Coréia, 1985.
Falou alto e sem descanso das fotos que encontrou, e assim conduzia-se de uma pessoa a outra no pátio do instituto.
Quer saber quem é, o que é aos olhos dos outros.
Há Eu ou desejo nessa sua experiencia de ser?
Fala e anda em círculos, em uma repetição massante e insuficiente a sua busca por respostas.
De repente, algo o silenciou.
O rapaz sentado ao canto, acompanhado de uma moça.
Autista, o olhar vidrado nos próprios punhos.
Ele olhou curioso, e atônito, durante minutos a fio, frente a frente ao rapaz.
Algo de tão estranho e tão familiar naquela figura bizarra.
Um espelho distorcido havia naquela sua visão, espelho dele mesmo.
A maravilha e interesse tomaram conta de seu olhar.
Pouco depois, quando da minha intervenção e a da at do rapaz na conversa, quebrou-se o encantamento.
Saiu andando, procurou-me para perguntar porque o queriam ver nervoso?
Algum estado de horror foi tomando-lhe as feições e o olhar.
O que havia visto naquele rapaz tão grave, tão mais grave e regredido que ele, que o assustara?
Tentei nomear o que ele sentia, aquele rapaz no fundo só o quereria tranqüilo.
Senti-me insuficiente diante daquilo que lhe acontecia, jamais poderia traduzi-lo, e nem ele o podia para mim.
Algo aconteceu, algo que o fez se deter.
O início de uma reposta às suas perguntas tão cruas e lancinantes.
É necessário algum silêncio neste belo momento.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
por um belo nascer do sol (Isla del Sol)
sol combina com vento
meu alento
é aproveitar as horas corridas
e as partidas
chorarei no momento final
o resto de noite no lual
de corações dançantes, a gente errante
ao mirante
irá ver o nascer do sol
si bemol
será a nota dedilhada
pela gente abobalhada
com a maravilha que o mundo pode ser.
meu alento
é aproveitar as horas corridas
e as partidas
chorarei no momento final
o resto de noite no lual
de corações dançantes, a gente errante
ao mirante
irá ver o nascer do sol
si bemol
será a nota dedilhada
pela gente abobalhada
com a maravilha que o mundo pode ser.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Blasfêmia
Aconteça o que acontecer: mulheres mortas, estupradas, cuspidas, lançadas ao relento.
As feministas não conhecem a liberdade do feminino.
Machismo soa tão clichê quanto "vítima de crime passional".
Sendo mulher, eu morreria mesmo sem ser morta.
Não de amor por um homem, mas de amor pelo meu desejo.
Desejar-me calada e comportada é estuprar-me de torpor.
Não serei fiel, posto que paixão é chama.
Cospe-me na cara o ódio, faz-me masoquista por opção.
Ser mulher é poder se derramar nas tantas facetas da sujeira
(Blas-fêmea)
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
citando mais um poeta do amor
"Estabilizando-se. O frenesi superaquecido se transmudando numa serena afeição física. É assim que prefiro descrever o que está ocorrendo com nosso amor durante esse bem-aventurado verão. Será que posso pensar se forma diferente - posso realmente acreditar que, em vez de pousar num cálido platô de doce aconchego e intimidade, estou escorregando por um íngreme declive, embora por enquanto longe da caverna fria e solitária onde por fim cairei? Sem dúvida, o leve componente de brutalidade desapareceu de vez; já ficou para trás a mistura de crueldade e ternura, aquelas sugestões de total submissão refletidas nas equimoses arroxeadas, o frêmito de lascívia que vem com a palavra chula sussurrada no auge do tesão. Não sucumbimos mais ao prazer nem nos tocamos em qualquer lugar, as carícias e os apertões feitos com aquela insaciável insensatez tão alheia ao que somos em outros momentos. Na verdade, já não sou tanto o animal nem ela é tanto a vagabunda, nenhum de nós continua a ser o lunático voraz, a criança depravada, o violador de nervos de aço, a vítima indefesa da empalação. Os dentes, antes lâminas e pinças, os dentes dolorosos dos filhotes de gatos e cachorros, são de novo apenas dentes, as línguas são línguas, os membros são membros. O que é, sabemos todos, como deve ser.
Do meu lado, não vou brigar por causa disso, ou ficar amuado, ou sentir saudades, ou cair no desespero. Não vou transformar em religião o que está se esvaindo - meu desejo por aquela tigela em que mergulho o rosto como se quisesse extrair a última gota do sumo que não consigo ingerir com suficiente rapidez…a excitação implacável causada por aquele subir e descer da mão envolvente, tão forte, tão rápido, tão obstinado que, se não digo gemendo que não me sobra mais nada, que estou exaurido e entorpecido, ela, naquele estado de fervor radiante que faz fronteira com a impiedade, não irá parar até haver ordenhado a própria vida de meu corpo seminu. Não, tenciono eliminar qualquer ilusão sobre a possibilidade de um grande renascimento do drama que aparentemente se aproxima do fim, aquele teatro clandestino e sem censura no qual atuaram nossos quatro egos furtivos - os dois que respiram ofegantes durante a ação, os dois que também ofegantes os observam - , onde a preocupação com o que é higiênico e comedido, tanto quanto a noção da hora do dia ou da noite, não passam de intromissões ridículas. Posso dizer que sou um novo homem - isto é, não sou mais um novo homem - e sei quando meu tempo acabou: agora, bastará o simples fato de afagar seus cabelos longos e macios, bastará ficarmos lado a lado na cama todas as manhãs, acordando entrelaçados, acasalados, UNIDOS NO AMOR."
Philip Roth
Do meu lado, não vou brigar por causa disso, ou ficar amuado, ou sentir saudades, ou cair no desespero. Não vou transformar em religião o que está se esvaindo - meu desejo por aquela tigela em que mergulho o rosto como se quisesse extrair a última gota do sumo que não consigo ingerir com suficiente rapidez…a excitação implacável causada por aquele subir e descer da mão envolvente, tão forte, tão rápido, tão obstinado que, se não digo gemendo que não me sobra mais nada, que estou exaurido e entorpecido, ela, naquele estado de fervor radiante que faz fronteira com a impiedade, não irá parar até haver ordenhado a própria vida de meu corpo seminu. Não, tenciono eliminar qualquer ilusão sobre a possibilidade de um grande renascimento do drama que aparentemente se aproxima do fim, aquele teatro clandestino e sem censura no qual atuaram nossos quatro egos furtivos - os dois que respiram ofegantes durante a ação, os dois que também ofegantes os observam - , onde a preocupação com o que é higiênico e comedido, tanto quanto a noção da hora do dia ou da noite, não passam de intromissões ridículas. Posso dizer que sou um novo homem - isto é, não sou mais um novo homem - e sei quando meu tempo acabou: agora, bastará o simples fato de afagar seus cabelos longos e macios, bastará ficarmos lado a lado na cama todas as manhãs, acordando entrelaçados, acasalados, UNIDOS NO AMOR."
Philip Roth
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
infalíveis entretempos
Entretempos de meninice e o doce peso da vida adulta, que veio como uma chuva sem ameaça,
uma chuva que despenca deliciosa e bruta logo após uma infalível trovoada.
o envelhecimento é uma rajada de vento lançada diretamente sobre seu rosto:
haverão rugas aqui e ali, certamente na testa e ao lado dos olhos…
uns despencamentos ao redor das ancas
entre as coxas
e a barriga?
depois que crescer, será que volta ao seu estado bruto?
seus mamilos rosados e sem proeminências, a doçura da noite toda de sono
a certeza da saudade a invade
e o fervor por alcançar uma imagem distinta no espelho
fisgou-a, a idade
INFALÍVEL
a vontade de saltar para fora do entre.
(o ventre)
Os entretempos
sorrateiam a lógica do passado e do futuro;
ela atormentada por progressões hipotéticas
e nostalgias daquela época
AQUELA
em que tudo ainda ia acontecer
ainda era cedo
agora nem é tarde nem nada, é um tempo entrincheirado
entre o calor e a formação das nuvens negras
quanto tempo até que despenque essa tempestade sem volta?
uma chuva que despenca deliciosa e bruta logo após uma infalível trovoada.
o envelhecimento é uma rajada de vento lançada diretamente sobre seu rosto:
haverão rugas aqui e ali, certamente na testa e ao lado dos olhos…
uns despencamentos ao redor das ancas
entre as coxas
e a barriga?
depois que crescer, será que volta ao seu estado bruto?
seus mamilos rosados e sem proeminências, a doçura da noite toda de sono
a certeza da saudade a invade
e o fervor por alcançar uma imagem distinta no espelho
fisgou-a, a idade
INFALÍVEL
a vontade de saltar para fora do entre.
(o ventre)
Os entretempos
sorrateiam a lógica do passado e do futuro;
ela atormentada por progressões hipotéticas
e nostalgias daquela época
AQUELA
em que tudo ainda ia acontecer
ainda era cedo
agora nem é tarde nem nada, é um tempo entrincheirado
entre o calor e a formação das nuvens negras
quanto tempo até que despenque essa tempestade sem volta?
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
continuação
e depois dessa passagem
mais um ano que virá
depois d'ultimo que expirou
assim, como quem mal chegou
continuo…
de pé na cozinha lavando louça
temperando a carne enquanto bebo
agonizando no fim da noite
pernas bambas, pedindo arrego
continuo...
é só o tempo que se passa:
na bancada da cozinha
aquela uva passa
da farofa do penultimo ano
continua…
e afinal de contas
o que é a vida senão
uma sucessão de envelhecimentos
intercalando com a brevidade
do inédito!
mais um ano que virá
depois d'ultimo que expirou
assim, como quem mal chegou
continuo…
de pé na cozinha lavando louça
temperando a carne enquanto bebo
agonizando no fim da noite
pernas bambas, pedindo arrego
continuo...
é só o tempo que se passa:
na bancada da cozinha
aquela uva passa
da farofa do penultimo ano
continua…
e afinal de contas
o que é a vida senão
uma sucessão de envelhecimentos
intercalando com a brevidade
do inédito!
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