pois se tudo o que se oferece também está sumindo, como ser pra Ele um corpo de mulher? quando me ofereço sou só um instante, e é nele também que estou desaparecendo. quando nos tocamos materializamos o que parece não existir.
meu corpo de mulher se oferece pra deixar Seu desejo insatisfeito, meu silêncio se oferece pra fazer gritar alto Seu amor velado. os olhos molhados Dele pedem o que eu jamais poderia dar, meu corpo é mito! meu sentimento vai fugindo da minha pele, como se evaporasse sem começo nem fim.
sou Dele sem ser, dançamos juntos como duas nuvens se misturando no céu (parecem de algodão, mas são apenas gases puro - e o céu sem limites acaba onde ja não podemos mais ver).
o amor não tem massa, pesa zero, mas parece poder salvar qualquer existência do completo Nada. o amor é tão infinito que nos confronta com o Nada. com o Nunca. nesse instante urgente em que se precisa tocar, tocar pra fazer valer a matéria, eu O amo. quero largá-lO no meio do nada pra fazer-me presente sem corpo (está aqui o infinito). quero largá-lO sozinho e solto sem mim, experimentar a minha própria ausência, já que o que Ele quer me parece alí impossivel. na presença de Seus olhos pedindo os meus, com o furor que é próprio destes olhos (só Eles é que me pedem assim), eu já habito o impossível.
meu corpo é mito.
diante de Seus olhos, sou o que sou pra Ele. criação.
um corpo de mulher, na verdade, nunca existiu no mundo.
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