sexta-feira, 27 de agosto de 2010

amor inventado

ele disse que amava tanto que perdoava tudo... pois ela era linda, livre, alegre! beijava-o com ternura e ardência, fechava os olhos prolongadamente durantes os beijos, a ponto de continuar fora do ar mesmo quando ele afastasse dela os lábios. ele perdoaria qualquer segredo omitido, qualquer descaso dela com ele, inclusive a incentivaria e contar-lhe suas tramas, abrir-se com ele, posto que a relaçao deles era independente de qualquer compromisso. o limite real que se impunha, impedindo-os de um relacionamento convencional, em que se vive todos os dias considerando-se um casal, libertava os dois de uma espécie de corrente que os aprisionava ao normal. eles eram livres para o amor.
de toda forma, quando feitas certas confissoes, algo se desestabilizaria nas fantasias que cada um mantinha vivas sobre o outro. ela já notava que ele estaria sentindo-se por baixo muitas vezes, como se estivesse mais ameaçado a perder suas posses. a liberdade excessiva dela lhe pesava em sua certeza sobre a própria masculinidade. as vezes sentia-se tao mais medroso que ela que acabava pensando...devaneando: queria ser mulher! deve ser como ser uma deusa com asas. pronta para tudo, sedutora, conquistadora e ainda por cima devota a dor. toda mulher vê na dor qualquer coisa de sublime.
ele entao sentia-se triste e ciumento, mas conseguia: sossegava. ia viajar, ouvir um concerto musical, andar de bicicleta por caminhos que nao conhecia. ele sabia ser feliz consigo mesmo, amava-se quando pensava que nao precisava dela. amava sua individualidade, sua pouca disposiçao para a intimidade em excesso, para o dia a dia, as pequenas renuncias que tinha que fazer em nome dos desejos dela. tinha pouquissima disposiçao para isso e sabia. este saber lhe caía bem. levantava a cabeça com ar superior e até mesmo procurava um espelho qualquer para dar uma olhadela na própria imagem.
ela nao tinha dúvidas de quem era. sabia de seu poder de seduçao, sabia que facilmente enlaçava qualquer pessoa a si mesma, amava muito a sensaçao do amor, a idéia de que podia fundir-se ao outroamando... sabia que sempre haveria olhares para ela e ineteresse por tudo aquilo que consegisse manter em recato. com recato ela sustentava um mistério extremamente instigador.
com todas a diferenças e indiferenças, eles sabiam que haveriam muitos momentos felizes juntos, muita comunhao, muita sintonia e era isso que importava aos dois. no meio e ao redor deles estaria o resto da vida, também bonita e sempre ameaçando o amor deles.

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