caminhando pela rua, apressado, deparo-me com o farol vermelho para pedestres. paro. os carros descem a ladeira como numa correnteza forte que nunca estanca - um atrás do outro, sem parar.
se olho pros carros me sinto anisoso e com um pouco de raiva.resolvo então olhar pra outro lado: o esquerdo.
encontro uma moça linda, séria, usando óculos escuros. os cabelos bilham de sol e poeira da cidade, cabelos loiros no meio do cinza paulistano são estonteantes e reluzentes!
e eu daria tudo pra ver aqueles olhos cobertos pelas lentes escuras, deviam ser olhos instigantes. senti um calor que vibrava pelo meu corpo, aquela mulher linda e gostosa começou a me excitar - e ela nem olhava pra mim, velho que sou...
fiquei me sentindo um tarado e resolvi olhar pra outro lado, menos tentador: mas não tinha ninguém e eu novamente podia ver aquele fluxo interminável de carros buzinantes - de novo fiquei irritado.
olho pra baixo e respiro um pouco: meus sapatos marrons. e meu pau duro. uma estaca no meio das minha pernas, desejando aquela loira linda.
o farol ficou verde e a moça continuou parada, por menos de um minuto, e quase foi levada pela multidão frenética agora atravessando a rua. eu também fiquei, e na contra-mão do fluxo me senti um ser de outro mundo.
então, num gesto assutado, como quem novamente desperta ao ritmo imossível, pôs-se a caminhar. eu contiunuei parado perguntando a mim mesmo o que será que a entretia tanto, o que será que passava por ela e que a havia tirado daquelo ritmo. o que será que a faz voar?
estar parado com ela foi o meio-minuto mais comprido que vivi.
nunca mais esqueci essa mulher, e fico louco de tesão só de pensar no olhar oculto - voando por algum lugar que jamais vai me pertencer...
o que será que seria do olho da lente fria? (hoho, tô besta hoje)
ResponderExcluiradorei!!! beijo enorme.