sexta-feira, 3 de junho de 2011

maré

emoldurada por um vestido branco, a menina-moça-mulher sentada na beira da praia brinca de molhar a borda do vestido.
brinca de molhar as pontas dos longos cabelos a cada espuma do mar.
brinca de fazer seus castelos de areia que desmoronam pouco a pouco, como em pequenos tsunamis.
a espuma do mar invade o meio das pernas da menina, brinca de fazê-la molhada onde ela é -completamente - mulher.
a maré vai e vem, e brinca com ela de ir e vir, e se afasta invocando-lhe desejo (de entrar até a mais escura profundeza)
e volta, cada vez a cobrir mais e mais o ventre quente de menina-moça.
e o sol ilumina o rosto vivo de quem ainda sorri como se sorri na infância (sem pudor)
e a espuma do mar, ao avançar gelada e suave, toca-lhe onde mais teme - e onde mais quer.
e sua brancura confunde-se com o vestido branco, e esconde-a de si mesma.
e faz brotar o infindável mistério em si- o de ser mulher, infinitamente.

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